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Blocos comerciais da América Latina estreitam laços

De FUNDACION ICBC | Biblioteca Virtual

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CLÓVIS ROSSI, FOLHA DE SAO PAULO, 22 DE AGOSTO DE 2014

O Mercosul vai se reunir, nos próximos dias, com a Aliança do Pacífico para discutir a aceleração da liberalização comercial entre os dois grandes blocos da América Latina.

Mas o encontro tem também uma dupla mensagem política embutida: pretende demonstrar que o Mercosul não está tão paralisado como julga a grande maioria dos analistas e, além disso, que a Aliança do Pacífico não é vista como rival do bloco do Sul.

Grande parte da mídia internacional vê os dois grupos como antagônicos.

O Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela) é considerado protecionista, ao passo que o clube do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) é liberal em matéria comercial.

No encontro dos próximos dias, a proposta do governo brasileiro será a de antecipar a completa desgravação do comércio.

Com o Chile, já há acordo, até porque se trata de país associado ao Mercosul, embora não seja membro pleno.

Com a Colômbia, de 55% a 60% do comércio já está livre de tarifas, e o livre-comércio total está previsto para 2018.

Com o Peru, o cenário é parecido: quase 70% das trocas comerciais já não pagam tarifas e se pretende chegar a 100% em 2019.

Já com o México, há um acordo automotivo e um acordo de complementação econômica, que, no entanto, abrange poucos produtos, até porque o país norte-americano tem notórias dificuldades no setor agrícola, no qual o Mercosul é muito forte.

Para o Mercosul, a Aliança do Pacífico é um mercado extremamente atraente, com sua economia na altura de US$ 2 trilhões ou 35% da América Latina. O Mercosul, pela presença do Brasil, é bem maior: US$ 3,3 trilhões ou 58% do PIB (Produto Interno Bruto) da América Latina.

490 MILHÕES

Se for alcançado o objetivo do encontro (cunhar a marca Mercosul/Aliança do Pacífico como complementar e não como uma competição), o rótulo cobrirá, portanto, 93% da economia latino-americana, com quase 490 milhões de potenciais consumidores.

Para o Brasil, especificamente, o mercado dos quatro da Aliança é atraente não só quantitativamente mas também qualitativamente: no primeiro semestre deste ano, os manufaturados representaram 75% das exportações brasileiras para o bloco, quando se sabe que uma das críticas permanentes que são feitas ao comércio exterior brasileiro é a concentração em produtos primários, de baixo valor agregado.

INTERCÂMBIO

Mesmo antes de implementada a plena desgravação, o comércio entre eles e o Brasil só faz crescer: pulou de US$ 10,789 bilhões em 2004 para US$ 26,922 bilhões no ano passado. Só no primeiro semestre deste ano, o intercâmbio já bateu em US$ 15 bilhões, o que faz supor que superará a marca de 2013.

A desgravação facilitará, naturalmente, a competição com a China, que avança avassaladoramente em mercados em que, pela proximidade, o Brasil deveria ter vantagens.

Estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria e divulgado pelo jornal "Valor" mostra que, só em 2011, o Brasil deixou de vender US$ 5,5 bilhões com a perda de espaço no seu principal mercado, a América Latina.

O montante equivale a 11% de tudo que o Brasil vendeu à região em 2011 e é a diferença entre o que o país efetivamente exportou e o que exportaria se tivesse mantido a mesma fatia de mercado que detinha em 2008.

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